segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Apesar de ter sido feriado em Portugal, a Escandinávia não pára. Se é semana, é a todo o gás, e hoje foi um dia cheio de emoções.

No entanto, ficou a faltar a descrição da procissão com tochas para a qual os alunos internacionais foram todos convidados. Ainda éramos una quantos e com tanto fogo foi uma sorte aquilo ter corrido bem. Também nada pegava fogo com o fresquinho que se fazia sentir. A razão de tal aparato era a abertura da época natalícia da cidade mais festiva do norte da Europa. De facto a praça estava composta, o que me surpreendeu, os alunos tinham lugares privilegiados, o que também espantou e o espectáculo era fraquinho, o que sem dúvida estragou tudo depois de um passeio pela avenida com tochas, polícia a parar carros, etc.

Como a parte final estava a entrar no ridículo a fuga teve de ser o passo seguinte. A direcção às 6 da tarde de uma sexta-feira é previsível, after work. Desta vez, finalmente fui ao brasileiro no museu da Cultura que tinha uma espécie de biombos engraçados, com fotos no blog. Sabe bem chegar a um sítio, falar Português, comer carninha parecida à nossa e tudo o resto.

Sábado é que não foi assim um dia tão bom. Depois de acordar e dar uma limpeza geral ao quarto, aspirar e passar com a esfregona, era preciso trabalhar. Então fui com o Ci e o Ramilo ao banco para aproveitar para fechar a minha conta. Passou-se uma situação caricata em que tentei poupar 5€ do Ramilo. Mas a petrificação na cara do bancário quando lhe descrevi em 5 palavras a simplicidade do plano que fazia o patrão dele não ganhar aquele dinheiro foi de tal ordem que parecia berrar "Eu nunca tinha visto ninguém com um pensamento destes.". A resposta foi só e apenas "But that is not the way it works!".

A seguir fomos encher a barriguinha e ver ali um ring de gelo para patinar para depois voltar para casa. Foi aí que tentei pôr-me a trabalhar e a dor de cabeça apareceu. Ferrei a dormir por 3h e meia em que nada nem ninguém me acordou. Mesmo assim, quando acordei, enchi-me de coragem e foi ter com eles à Viktor Ridberg e ainda estive lá umas 3horas a jogar cartas, mas comer que é bom, boca.

No domingo foi necessário dormir de novo a sesta porque a cabeça estava a dar de novo os ares da sua graça, mas apenas 1h e meia chegou, até porque não havia mais tempo. O Liseberg, parque de diversões, era o ponto de encontro e lá íamos nós vermos um Christmas Market, coisa habitual nestes países. Muitas luzes, muita música e como não há neve, tudo estava branco com o auxílio de neve artificial. Subimos à torre panorâmica para ver a vista, parámos junto às braseiras para nos aquecermos e no meio ainda pude comer "cotton candy". Confesso que com luvas era impossível, e sem luvas era de parvos. Dedos congelados, mas felicidade porque há muito que já não comia aquilo.

E agora, o dia de hoje! Começou por uma guest lecture com a CEO de uma concorrente da SGS, empresa que aluga estes quartos para estudantes onde estou instalado. Então mostrou-nos todas as vantagens dos serviços deles bem como as preocupações para com os inquilinos e as soluções que eles utilizavam, puro marketing. Apenas foi bom para perceber que uma empresa, proprietária de mais de 15000 apartamentos, necessita de muitos engenheiros mas também de sociólogos, psicólogos, canalizadores, electricistas, etc. Até aqui tudo normal. O melhor foi mesmo a aula a seguir, que foi por vídeo-conferência com um professor da Universidade de Reading, UK, que infelizmente tinha o tempo limitado porque o equipamento utilizado estava reservado para outro professor depois daquela aula. No entanto as ideias deixadas no ar, depois de alguma explicação da conjuntura económica do mundo e de roçar novamente o tema do ambiente, foram, na minha opinião, extremamente boas:

  • Não ficar deprimido, o mundo não vai acabar  vai mudar;
  • E preciso estarmos preparados para a mobilidade
  • E preciso sermos mais flexíveis;
  • Conceito de coopetition, novo para mim e
  • How can we think differently?

Ainda falou da necessidade de comunicações serem feitas de um modo rápido e da existência de empresas especializadas apenas em permitir que tal aconteça, possuindo meios para tal e dando apoio às empresas que as contratam.

De tarde tive a tristeza de, enquanto aluno, perceber a maneira dos suecos viverem. A competitividade existe e há alunos que a levam ao exagero. Depois de alguma discussão sobre o método de avaliação e dos trabalhos de grupos, surgiu da parte de uma Sueca uma questão descabida e na minha opinião ridícula. Como poderia fazer queixa de um colega que não tinha trabalhado tanto no trabalho de grupo e que na opinião dela não merecia a mesma nota. Ora bem, é verdade que aqui no início de qualquer trabalho de grupo assinamos uma declaração de ética no qual nós próprios dentro de grupo decidimos que pontos são importantes, como no meu caso, cumprir as horas estipuladas e respeitar os textos escritos pelos outros. Também é verdade que para esta cadeira vou ter de escrever amanhã um texto de 250 palavras a comentar o desempenho do grupo como um todo e a descrever situações boas e más no decorrer do desenvolvimento do trabalho. Mas daí a uma catraia de 25 anos que está a fazer o mestrado em Project Management querer fazer queixa porque nem o próprio grupo consegue gerir… vai, na minha opinião, um grande passo.

Foi isto que tornou o meu dia differente. Por um lado uma aula com um professor que disponibilizou tempo no Reino Unido para uma cambada de putos, estudantes que estão a tentar aprender alguma coisa e por outro, uma moçoila que não tem dois dedos de testa para percebe o que é uma situação ridícula. À menina é que a nota devia ser piorada por ter um comportamento daqueles na aula.

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