segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Pois é, daqui a uma semana estou em terras Portuguesas a correr de um lado para o outro. Tratar de tudo em dois dias vai ser muito curto, mas lá estarei para uma nove etapa da vida, preparação do Natal.

Bom, mas a semana passada foi repleta de situações caricatas. Fora aquela “bufa, engraxadora e má colega” que quis fazer queixa de um membro do grupo, ainda houve um almoço com sangue à mistura e uma ida aos correios.

Pois é, quarta-feira foi o dia eleito para finalmente o meu nariz bater o pé e dizer que existia. Até então tem se portado de forma exemplar, e só para terem noção, ainda só gastei 31 pacotes de lenços desde que cheguei à Suécia, já lá vão 106 dias. Para quem me conhece, posso dizer que isto é muito bom porque é extremamente inferior à média de inverno, 1 pacote ao dia. Mas não foi esta média que abalou na quarta-feira, foi a de deitar sangue 6 vezes por ano numa altura estúpida sem qualquer aviso. De repente, eu a sentar-me à mesa e aquilo, pimba, nem deu hipótese. O Sílvio à minha frente que fica enjoado com sangue parecia um camaleão a trocar de cor, e o Nuno ao meu lado também não ficou lá muito confortável, mas eu pouco podia fazer. O maior problema foi o sangue que caiu nas calças, mesmo na braguilha. Foi uma situação constrangedora que se gerou ali. Ou de casaco ou de camisola à cintura, o que me obrigava a andar de t-shirt, que na Suécia… Bom, lá tive de aprender os truques de tirar sangue da roupa com leite a ferver e nesse mesmo dia tudo ficou tratado. Mas e se depois de tudo isto ainda me tivesse dado na real gana picar o Ci e ir a correr aos correios por as caixas no correio…

Foi mesmo isso que aconteceu, eu tinha comprado uns dias antes uma caixa nos correios do Nordstand (shopping no centro de Göteborg) e o Ci comprou no ICA Focus, outro centro. A mesma caixa, dois locais diferentes, caixas de cores diferentes. Lá fomos no autocarro, eu com a caixa branca, o Ci com a caixa azul, ainda abertas, porque até 5kg era um preço e depois até 20kg era outro e foi à chegada que a festa começou. Comprar fita ou pedir, tentamos pedir e correu bem, 1-0 para nós. O pesa da minha caixa era 4890g e a do Ci 5090g. Perguntámos se era na boa e a senhora disse que sim, 2-0 para nós. Fomos lá para umas mesas e foi pôr fita até mais não. As caixas não abriam por nada. Voltámos para enviar as encomendas depois de escrever quase um relatório e foi o contra ataque, mas disfarçado. Tratámos de tudo e cada um de nós tinha de pagar 27€. O homenzinho que nos estava a atender (e não vou ser mais expansivo na descrição para não chocar os leitores) apareceu com 2 recibos, um para mim de 36,90€ e um para o Ci de 37€.

2-1 E começámos a perder vantagem. Comecei a perguntar qual era o erro e ele explicou que nunca tinha visto aquela caixa branca por isso tinha de pagar como caixa exterior e que o Ci tinha mais 90g que o permitido. O Ci já suspirava e eu com a minha calma a dizer que era dos serviços dele, tinha até levado o talão da compra para o caso de haver chatice (era previsível). Em vez de marimbar e mandar aquilo a 27€ para cada um, começou a arranjar entraves, a ligar para os serviços centrais e por fim disse que então tínhamos de abrir as caixas, no meu caso para passar tudo para uma caixa azul toda igual, tamanho, desenhos, e no caso do Ci para tirar as 90g a mais.

2-2 Já nos tinham comido a vantagem toda. Fizemos aquilo tudo e voltamos a gastar fica como gente crescida, só para ficar 3-2 com a vitória do nosso lado. 27€ a cada um e acabou tudo comigo e com o Ci a sair do centro a rogar-lhe pragas até dizer chega.

No dia seguinte, foram apresentações, início de estudo e tanto a Carla como a Teresa a chatear para irmos comprar uns bilhetes por 12€ para ir a um jantar de Natal da Universidade de Göteborg que era buffet e era giro e tal.

À noite ainda tive direito a um jantar típico Alemão com o Matthias e a Kristin que moram aqui no prédio. Jantar esse, acompanhado com puré e umas coisas estranhas. Como estranho que sou estranho e não entranho. Mas a época era de estudo por dormir estava na ordem do dia e levantar cedinho na sexta-feira também.

Sexta-feira foi dos dias mais importantes para o sucesso do exame de hoje (segunda-feira) porque foi marcada uma aula de dúvidas e graças a deus, aprende-se muita coisa a ouvir o que os outros perguntam, mesmo assim o rendimento esteve pelas ruas da amargura. É importante dizer que nesta fase a minha atenção estava apenas direccionada para o resumo de toda a matéria em 22 páginas que me tinham dado.

Para pôr a moral em alta foi preciso ir a um After Work, de novo o brasileiro uma vez que o de Lindholmen estava fechado. Éramos só 4 e foi bom para ter uma noite calminha.

Sábado, o dia de mais um jantar, desta vez o tão aguardado jantar de Natal Sueco da universidade de Göteborg para o qual tínhamos pago 12€. Antes de tudo era importante estudar o dia todo, por isso às 8h30 estava já a chegar a Chalmers com a Teresa, essa grande ícone do estudo Português. Logo pela manhã, para enfrentar o grau negativo com que o ambiente nos presenteava, a Teresa vinha quase só de top. Disse-lhe logo para se agasalhar mas a resposta foi imediata: “estou a preparar-me para logo à noite, vou de vestido!”. As expectativas eram altíssimas, até faziam andar aí pelo frio a desafiá-lo.

O dia passou-se e a hora do jantar estava a aproximar-se. A grande dúvida de onde seria instalou-se até que novamente a Teresa entrou em cena e acabou com ela enviando um mapa com um grande círculo no nome da rua e incluindo na imagem o horário e trajecto que deveria ser utilizado. Fiquei perplexo, parecia que alguém como eu estava ali a enviar-me coisas. Por momentos fiquei confuso, mas lá alterei as coisas de modo a poder também opinar, sim esta parte é muito importante para mim.

Tudo muito pomposo, velas no chão a indicar o caminho, seguranças à porta, sítio para pôr os casacos e apenas 3 casas de banho para 300pessoas. Para ajudar à festa os pratos eram de papel, os talheres de plástico e as bebidas pagas à parte. Por sorte ofereciam um copo de uma bebida típica Sueca mas pediam para não deitar fora o copo porque só havia um copo para cada pessoa. A nossa expectativa estava a derreter-se, mas nós bem tentávamos que não fosse toda. Pelo menos havia papéis com cânticos nas mesas e velinhas. Mas chegou a hora do buffet. Como pessoas educadas que somos, fomos lá buscar a comida da nossa vez mas não trouxemos muito de nada por não saber se gostávamos. Correu mal claro. Não era suposto puder repetir, mas aqui o je, foi directo sem saber se podia e sem perguntar para não ter de ouvir um não. Quem perguntou…

No final do jantar, depois de começar as coisas típicas é que a nossa mesa animou com as variadíssimas proclamações:

  • Se ao menos tivesse pago 3€, mas foram 12€ (Carla);
  • Olha para aquele triste a fingir de pianista e a tocar 3 notas antes de cada música (Carlão);
  • Isto é ridículo (Nuno);
  • É preciso ter lata para mandar calar (Carlinha);
  • Se em vez de estarem sempre a reclamar, estivessem a aproveitar (Madre Teresa de Aguiar, é sempre tão boazinha…).

Foi com estas ideias que depois de uma procissão de um conjunto de jovens da nossa idade, mas completamente perdidos na vida, fomos buscar os casacos e nos pusemos em fuga do local. Afinal o tão ansiado jantar para o qual fomos ao engano, era um autentico barrete e dos fundos.

E assim se chegou a domingo, véspera do meu primeiro exame. De manhã tive de ir pôr roupa a lavar, e depois aproveitei que o Matthias ia ao supermercado para ir com ele. Mas novamente o meu coração palpitou. Ele ia de carro e seria boa ideia entrar no carro dele com ele a conduzir? Temi o pior, mas are só até ali ao supermercado e tudo acabou por correr bem.

Com a proximidade do exame, a eficiência do estudo melhorou exponencialmente e hoje lá o fui fazer depois da hora de almoço.

Dia 16 de Janeiro vou saber o resultado e até lá, muito ainda tenho de estudar para o exame de sexta-feira.

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