terça-feira, 23 de dezembro de 2008

E o último dia passou-se com muita correria depois daquele e-mail matinal!

Havia uma check list e havia que a cumprir para o bem da minha saúde mental. Não podia sair da Suécia sem fazer certas coisas.

Um último passeio na Avenida, um almocinho decente, uma caminhada à chuva, enfim coisas típicas de países nórdicos.

Começou com a fotografia ao Poseidon e com a caminhada onde vimos que até os cavalos são obrigados a festejar o Natal, porque têm gorros de Pai Natal (as fotografias já andam pelo blog).

Chegou então o almocinho num restaurante onde tínhamos uns bifes de graça com uns cartões que íamos carimbando. À mesa estava o Nuno, o Gonçalo, o Sílvio, o Mehrdad, o Kasra e eu. Penso que é fácil perceber quem é Iraniano pelo nome. Depois de o Barbosa aparecer no mesmo restaurante mas ter piado que queria uma mesa longe da nossa, foi os investimentos públicos Portugueses que ocuparam a ordem dos trabalhos durante a refeição. Norte contra a cidade importante de Portugal, Lisboa…

Mais tarde eu e o Nuno ainda demos graças a deus que o Sílvio não tivesse aterrado em Lisboa se não, com tantas obras na zona das pistas, ele ia ficar uma pilha. Saia-lhe logo que éramos uma cambada de ladrões, de chupistas…

Bom mas a refeição acabou e foi no decorrer desta que a chuva decidiu chegar para continuar até à nossa fuga daquele país. Pouco falava para fazer, mas o Erasmus Package ainda tinha de ser entregue. Fomos a casa por tudo na caixa e mais uma vez correr se desceu para não perder o autocarro. Mas o autocarro é fechado, a água não chateia, o problema era depois o caminho enorme pela frente. O Nuno ainda quis aguardar que a situação melhorasse mas eu penso sempre que pode piorar por isso não é cá com esperanças que me fiquei. Atirei-me por ali fora e posso dizer que fiquei um pingo autêntico, e eles, que também vieram, não ficaram melhor.

Depois havia que ainda passar pelo Supermercado para começar a gastar as últimas coroas. Já no caminho para casa o Nuno desapareceu e no lugar dele juntou-se a nós um velhinho de saco de plástico na cabeça.

Cada um à sua vida a partir daí e eu fiquei por casa a arrumar tudo. Às 8h chegou o Sílvio e às 8h30 o resto, Nuno, Gonçalo e Carla, para jantarmos. Foi a ultima refeição lá em casa, pizza com o apoio de guardanapos e copos do vizinho. Já não tinha mais nada em casa. Uns joguinhos de snooker para animar aquilo até às 4h da manhã mas a partir daí foi rota descendente até voltar a ver uma cama à minha frente, ontem à noite e já em Cascais.

Bom, começou por ter de fechar a mala, que se veio a adivinhar ter 27Kg, ter de limpar tudo para não ter problemas com o próximo inquilino. Depois o taxista mal-encarado que quando nos viu a aparecer com mala começou logo a ficar preocupado. Mas a cara dele piorava com o aparecimento de mais malas. Eu quando liguei disse que éramos 5 e que íamos viajar por mesmo muito tempo, talvez eles nunca tenham considerado que muito tempo pode ser tipo anos… No caminho ainda atirou com todos os talões ao chão enquanto tentava organizar tudo no carro e conduzir ao mesmo tempo.

Mas a grande aventura foi no check in do aeroporto. Uma fila a crescer, o balcão fechado e nós praí em quinto lugar da fila. Abriu e lá fomos nós criar confusão para passar sem pagar. Os 5 ao mesmo tempo, bagagem de tamanho fora do vulgar, uma senhor a substituir a senhora do costume… Bem iniciou-se o processo de charme que não teve qualquer sucesso, a certa altura as malas que tinham de ir para o Porto já estavam para Lisboa, as de Lisboa já estavam para o Porto, as etiquetas da malas de um no bilhete de embarque do outro, todas as malas eram de tamanho fora do vulgar…

Bom a confusão estava instalada e assim o primeiro passo cumprido. Agora só faltava arrumar tudo direitinho e não pagar excesso de carga. Vamos a isso.

Tivemos uma ajuda divina, que foi a chegada da senhora que costuma fazer o check in, portanto melhor não podia. Nova operação de charme e agora sem, estava quase no papo. Ela trocou tudo o que tinha a trocar e só fez dois erros, meter tanto a minha mala como a do Nuno no meu nome e não verificar que as etiquetas dos bilhetes estavam trocadas. Mas fez uma coisa muito boa, resultado daquela tremenda confusão. Não viu pesos nenhuns e assim eu posso dizer que nunca tive de pagar excesso de carga no meu Erasmus.

Bom agora era recostarmos no lugar do avião para uma viagem. E chegar ao avião? Foram 25 minutos de pé no autocarro dentro do aeroporto. Parecia que já estávamos em Portugal e tudo. Mas lá chegamos. Frio, mesmo muito frio entre o autocarro e o avião mas lá arrancamos com 45 min de atraso para ir fazer uma escala que estava planeada em 1h. O cinto revelou logo a sua importância ao levantar voo, quando acordei por os ventos não estarem a ser muito amigos e o avião, pelo menos cá atrás, andar a passear da esquerda para a direita e de cima para baixo. No final andava a hospedeira de papel na mão a dizer qual era a porta de embarque do voo a seguir porque toda a gente estava atrasada. Descansaram toda a gente a dizer que nenhum voo partia sem as pessoas, já nas malas ninguém falou, ou seja, se para nós correr de um terminal para outro era difícil, para as malas era impossível. Anunciei isso logo à Carla que tentou fechar os olhos e imaginar-se num lugar longe onde não me ouvia.

Segundo voo, foi com esforço para não dormir se não lá ficava eu outra vez sem comer e a fome apertava. Lá comemos e viemos a ver a vista porque neste país não há nuvens, portanto pode ver-se tudo.

Chegamos a Lisboa a horas mas depois de uma hora à espera das malas foi necessário ir para o Lost and Found. No caminho perdemos a Carla que tinha ido não sei onde mas encontramos a Maria Madalena. Bom, foi preciso dizer-lhe que isto me fartava de acontecer (mentira, era a primeira vez) para ela passar a Carla de novo.

Lá deixamos tudo tratado e cada um foi à sua vidinha para usufruir de um dia em Portugal. Um dia com muito para fazer, médicos, cabelo, visitar a sobrinha mínima… Só quando os meus olhos deixaram mesmo de focar é que desisti e fui dormir 13h para me recompor.